quinta-feira, 29 de julho de 2010

20 de julho

Acordar não era mais tão simples. O compasso do seu corpo não acompanhava mais o ritmo da sua vontade. Não era assim. Não começou nem com uma simples dor de cabeça. Começou profundo. Via-se disponível a tratamentos, estudos e choros. Via-se sustentado por um coquetel de pílulas diário. Minuciosamente controlado. Um regime ditatorial, exames, exames e mais exames, e uma resposta que nunca chegava.
Para quem assistia de longe, não havia mais esperança. E ele sempre ali, com um grande sorriso no rosto. Sua confiança era suficiente para nos fazer acreditar. Mais um dia. Mais um dia. Mais uma vitória. Sua vontade de viver resultava em melhoras inesperadas. Mais um dia.
E foram meses. Tantos quilos a menos, tantos alimentos proibidos e várias cápsulas a mais. E o mesmo sorriso. Aquele grande sorriso.
Especialistas sugeriram transplante. Explicaram que era o único tratamento definitivo. As pílulas diárias não faziam mais efeito. E mesmo com uma grande fila de espera, ele acreditou. Ele quer viver.
Dia 20 de julho era seu aniversário. Dia 20 de julho um outro sofreu um acidente. Um outro, desconhecido, compatível. No dia do seu aniversário, ele ganhou mais anos de vida.
E nós ganhamos um sorriso para viver.


Se você não acredita em Deus, comece a reconsiderar.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Leoninando

"Não fala nada
Deixa tudo assim por mim
Eu não me importo se nós não somos bem assim
É tudo real nas minhas mentiras
E assim não faz mal
E assim não me faz mal não
Noite e dia se completam no nosso amor e ódio eterno
Eu te imagino
Eu te conserto
Eu faço a cena que eu quiser
Eu tiro a roupa pra você
Minha maior ficção de amor
E eu te recriei só pro meu prazer
Só pro meu prazer
Não vem agora com essas insinuações
Dos seus defeitos ou de algum medo normal
Será que você não é nada que eu penso?
Também se não for não me faz mal
Não me faz mal não"

Escute:

Não negue nunca jamais



Você pode disfarçar o sorriso, mas não pode negar a felicidade
.
Você pode disfarçar um olhar, mas não pode negar que vê.
Você pode disfarçar o que quer, mas não pode negar sua vontade.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Das coisas que eu penso



Nostalgia é mais triste que saudade.
E dói muito mais também.

É lembrar e querer algo que nunca vai voltar, por mais que você morra de saudades.

A saudade um dia acaba; a gente encontra e mata.

Nostalgia não.



terça-feira, 20 de julho de 2010

Desenhadores de sorrisos

Eu posso acordar de mau humor. Posso bater o dedinho na quina do armário. Posso terminar com um, levar um pé na bunda (ou dois) e posso até ser demitida.
Posso viver os dias mais difíceis do mundo nesta ou naquela TPM. Posso perder a melhor festa e até chegar atrasada no show. Posso enfrentar situações embaraçosas, encontrar com quem eu não queria e até ver o que eu não devia.
Posso errar uma vez, posso errar várias vezes. Posso ligar as 3 horas da manhã e posso cantar a mesma música 50 vezes.
Posso morrer de medo e posso me encher de dúvidas.
Posso tudo, só não posso ficar sem aqueles que fazem todos os momentos ruins durarem menos de 5 minutos.
São eles que colocam um sorriso no meu rosto. São esses olhares que eu encontro, nesses braços que me perco e essas mãos que eu procuro.

Feliz dia do amigo!


domingo, 18 de julho de 2010

Seu efeito

Quando seus beijos tirarem todo o meu fôlego,
como o efeito da sua presença.
Quando seu abraço me envolver completamente,
como o seu sorriso.
Quando seu sussurro me levar para outros lugares,
como o seu cheiro.
E quando suas mãos me despirem,
como os seus olhos.
Eu vou acreditar que é real.
.
.
.
Até lá, continuarei sonhando

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Inspiração

Quando me falta um sorriso nos lábios, não me faltam palavras. Passo as horas vagando pelos meus pensamentos mais melancólicos e solitários, aqueles mais esquecidos. E quando eles parecem não ter mais saída, eu escrevo. Escrevo para tentar desabafar o que não consigo dizer. Vago pelos pensamentos evitados e busco inspiração.

Quando me falta um sorriso nos lábios, poucas coisas são mais interpretáveis que um olhar desviado.

As lágrimas inspiram tanto quanto os sorrisos. O silêncio inspira tanto quanto a música. A solidão inspira tanto quanto uma companhia. Sob perspectivas diversas, com resultados opostos, mas inspiradoramente bons.

Notavelmente diferentes.


Para ouvir:


quarta-feira, 14 de julho de 2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

Caminho incerto

Ela tentou atravessar aquele caminho algumas vezes. Era um caminho estranho, cheio de incertezas e surpresas.
Ela ouvia histórias de muitos que foram e não voltaram, perdidos naquele espaço de tempo irreal. Ela tentou atravessar aquele caminho algumas vezes, mas não chegou nem na metade do percurso; ia até o ponto que seus olhos ainda enxergavam a entrada. E quando o grande portão ameaçava sumir, ela corria de volta, sentava e assistia os corajosos que enfrentavam o inesperado. Então ela respirava fundo e prometia para si mesma que dessa vez não teria medo, mas a cada passo recordava de cada tombo que levou por desconhecer o terreno. Olhava cada cicatriz, recordava de cada lágrima que derramou por estar ali, sozinha no desconhecido. Alguns machucados ainda estavam lá, abertos, por mais que cuidasse, não cicatrizavam. E insistiam em doer.

Ela ouvia uma música para impulsioná-la e tentava andar um pouco mais rápido. Mas faltava coragem para atravessar o caminho desconhecido.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O desafio, o medo e a superação

Nada me desafia mais que uma página em branco.

E nada me dá mais medo.

Medo de não saber o que escrever, medo de não saber continuar.

Medo de nem saber começar.

Desafio de fazer melhor, desafio de recomeçar, mesmo sem saber qual a primeira letra.

Nada me desafia mais que linhas não escritas e folhas não preenchidas.

E nada me dá mais medo.

Posso desistir do pára-quedas, da montanha-russa e do primeiro encontro.

Mas não posso desistir de escrever.

Não posso e nem quero. É na superação diária da folha em branco que me realizo.

E nada me desafia mais que uma realização.



Para ouvir:


quarta-feira, 7 de julho de 2010

Fora do comum

Quinta-feira, véspera do jogo do Brasil, 2:30h AM, o celular toca:
"Gatinha do céu! Você não imagina o que aconteceu comigo... Ai meu Deus! Sério, eu sou muito maluca. Nossa gatinha... tô bêbada. MUITO bêbada. É que eu fui lá prum bar com uns amigos e bebi pinga a noite inteira. É, menina, PINGA! Pois é, eu até tinha o cupom de chopp, mas você acha que eu lembrei disso depois da terceira pinga? Hahaha! Três? Nãããão! Bebi seis! Ai meu Deus. Ai eu tava indo pra casa, e ai tinha uma blitz. Gelei gatinha, gelei... Blitz no meio da Afonso Pena. Sabe eu? Tava com o farol apagado. Nãããão! Isso nem foi o pior... Eu atropelei os cones da blitz menina! Acredita? Atropelei. Não não, eu não tava sozinha; um amigo meu tava comigo. LÓÓÓÓGICO que o policial me parou. AI MEU DEUS! E o policial era super HOT, super. Ai ele chegou perguntando o que estava acontecendo.. Gatinha do céu, eu sou muito louca. Sabe o que eu falei pro policial? Que eu tava distraída com o meu amigo, com o tanto que ele era bonito. Falei pro moço: "OLHA O TANTO QUE ELE É BONITO, POLICIAL". Hahahaha! Nem era, era feio. E o policial riu, né?! Claro. Continuei... Falei pra ele que "tô encalhada há 2 anos (DOIS ANOS) e que aquela era a minha chance", ai pedi pro moço "tirar o pé da minha noite". E ele me liberou! Acredita? Hahahahaha! Eu sou muito sortuda. É!!! Virado pra lua... Hahahaha! Não, não, continuei encalhada mesmo."

terça-feira, 6 de julho de 2010

500 dias com Summer



Como a consideraram uma vaca sem escrúpulos, resolvi escrever em sua defesa.
Entre suspiros e The Smiths: Summer, a mocinha do filme "500 dias com ela". Com olhos tão grandes capazes de intimidar. Ou paralisar. A Summer é muito voluntariosa, instável e as coisas são sempre do jeito dela. Geralmente esses seriam motivos suficientes para não se apaixonar, mas como?
A Summer é iluminada e assim deve ser ficar ao lado dela. Um mundo de encantamento e risadas. A
Summer se permite, faz o que tem vontade, fala o que quer, é natural, sem se importar com o que as pessoas pensam dela. Ela quer viver, quer gostar, quer fazer, sem se prender a preconceitos. Ela é capaz de largar tudo numa cidade pra procurar aventura em outra totalmente diferente. Simplesmente porque teve vontade. Talvez sejam esses detalhes que fazem a mocinha uma pessoa absurdamente apaixonante. Não é o físico, mas a liberdade que ela transmite. E uma luz que irradia.
A
Summer é feita de coisas pequenas, de dias ensolarados no parque, de panquecas, de Ringo (Star) e karaokê.
Uma palavra para descrevê-la: leve. Ela vive de maneira leve, vive o hoje, e é intensa naquele momento.
Intensa naquele momento. Noites Brancas [Dostoievski] tem uma frase para-frasear: "Um minuto inteiro de felicidade, afinal, não basta isso para encher de alegria a vida inteira de um homem?!".
Detalhe importantíssimo: a
Summer usa laços no cabelo.

Para ouvir:



Para ver: "500 days of Summer"


Texto escrito pelas trocas de e-mail com @MateusCoelho

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Falaram por mim

SAUDADE
Miguel Falabela

Trancar o dedo numa porta dói.
Bater com o queixo no chão dói.
Torcer o tornozelo dói.
Um tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói bater a cabeça na quina da mesa,
dói morder a língua,
dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é a saudade.
Saudade de um irmão que mora longe.
Saudade de uma cachoeira da infância.
Saudade de um filho que estuda fora.
Saudade do gosto de uma fruta que
não se encontra mais.
Saudade do pai que morreu,
do amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade de uma cidade.
Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida
é a saudade de quem se ama.
Saudade da pele, do cheiro, dos beijos.
Saudade da presença, e até da ausência consentida.
Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem
se verem, mas sabiam-se lá.
Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade,
mas sabiam-se onde.
Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem
vê-lo, mas sabiam-se amanhã.
Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se
menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe
como deter.
Saudade é basicamente não saber.
Não saber mais se ela continua fungando
num ambiente mais frio.
Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa
daquela alergia.
Não saber se ela ainda usa aquela saia.
Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista
como prometeu.
Não saber se ela tem comido bem por causa
daquela mania de estar sempre ocupada;
se ele tem assistido às aulas de inglês,
se aprendeu a entrar na Internet
e encontrar a página do Diário Oficial;
se ela aprendeu a estacionar entre dois carros;
se ele continua preferindo Malzebier;
se ela continua preferindo suco;
se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados;
se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor;
se ele continua cantando tão bem;
se ela continua detestando o MC Donald's;
se ele continua amando;
se ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer
com os dias que ficaram mais compridos;
não saber como encontrar tarefas
que lhe cessem o pensamento;
não saber como frear as lágrimas diante de uma música;
não saber como vencer a dor
de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ela está com outro,
e ao mesmo tempo querer.
É não saber se ele está feliz,
e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos.
É não querer saber se ele está mais magro,
se ela está mais bela.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama,
e ainda assim doer...
Saudade é isso que senti
enquanto estive escrevendo
e o que você, provavelmente, está sentindo
agora depois que acabou de ler.