quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Gloriosa

Acho que eu tinha 25 anos quando conheci a Beatriz. Menina bonita, até demais. Trabalhávamos no mesmo escritório de advocacia, ela advogada recém formada e eu administrador.
Beatriz era conhecida por todos no prédio onde ficava o escritório. Nem sempre pelo nome ou profissão, mas de alguma forma, os outros a conheciam. Ela era diferente das mulheres que freqüentavam aquele lugar. Não era fresca, nem metida, era feliz. Era linda e sabia disso... Mas convivia como ninguém com as próprias qualidades. Beatriz ria, tinha estilo e era extremamente dedicida. Demorei um bom tempo para conversar com ela, todos esses itens me metiam medo.
Ela desfilava com o carro do ano e com bolsas e sapatos que matavam qualquer mulher de inveja, também trabalhava só a tarde. Por essas peripércias, o pessoal do escritório criou parentescos e casos diversos com a chefia para explicar a capacidade de transfomar um salário de R$1.000,00 em tanto luxo. Pra mim, ela era filha de pai rico e pronto. Nenhum homem daquele escritório era homem suficiente pra ela. Bem que queriamos, mas nem tentávamos.
A Beatriz rondou meus pensamentos por várias noites. Entre várias mulheres. Entre meus momentos mais solitários. O cheiro dela no elevador era suficiente...
Aos 27 eu realmente conheci a Beatriz. Ela já não tinha mais os 23 anos que mexiam com a minha imaginação, mas tinha tudo que mexia com meu corpo inteiro. Lembro perfeitamente de como começamos a conversar. E não foi no escritório. Ela estava toda de branco, com 3 amigas tomando uma grande chuva. Estava ensopada, no meio da cidade. Passei de carro e fiquei anestesiado com aquela cena. Desci para oferecer ajuda... Em vão. Elas queriam estar ali. Entrei na brincadeira e comecei a dançar com as garotas... Duas eram engenheiras e outra bailarina. Encantadas.
As horas se passaram e nem percebemos. Quando nos demos conta, o dia amanhecia. Ofereci então minha casa para trocarem de roupa e se secarem, estávamos ao lado. Elas aceitaram e foram o motivo da minha melhor lembrança.
As roupas ficaram pelo caminho e, nesse ponto, já conhecíamos demais uns dos outros. Ninguém dormiu. Ninguém se queixou.
Quando cheguei para trabalhar, estava realizado. Mais que realizado, estava transbordando. Beatriz chegou um pouco depois e sorriu pra mim. Só ela não estava sem graça. Depois de alguns minutos ela deixou um bilhete na minha mesa... Era a conta daquela noite.
Beatriz, a moça linda e avassaladora só representava a advocacia. O carro, as bolsas e sapatos eram sustentados pela noite. E por prazeres como os que eu tive.
Mas foi um ótimo investimento.

Um comentário:

Paula Mendonça disse...

UAU! Adorei a história, linda!