quinta-feira, 13 de maio de 2010

Um show com estrela

Ruas atravessadas. Um caminho completamente fora do comum ao som de notas desconhecidas e passos milimétricos. Esquinas dobradas, encontros evitados e esconderijos estratégicos. Aquele bar.
Sentada no balcão, o garçon colocava mais uma dose de uma bebida qualquer. Ria junto com risadas ocultas e chorava as lágrimas que nunca existiram. Bebeu um. Cantou música inventadas e dançou com aplausos merecidos. Bebeu duas. Seu cabelo preto escorria toda a vaidade, era impossível não olhar para aquela mulher. Sua forma incitava o desejo e suas mãos despiam algumas partes do seu corpo, inocentemente perigosa, provocante, longe de todos os toques.
Cenário sombrio, a única cor era do seu batom vermelho. Bebeu três. Sorriso sincero, naturalmente conquistador. Ela não forçava nada, apenas era. Observei seus movimentos com toda a leveza que quebravam a rispidez do lugar. E entre um balanço e outro, ela se revelava.
Menos um casaco. Menos uma bota. E outra. Menos aquela saia que cobria as lindas meias pretas. Bebeu quatro. Sua blusa reluzia o que restava de luz. Dançou ao som dos olhares fogosos. Enquanto se acariciava satisfazia o sonho de qualquer pessoa presente. Aquele bar. Aquela mulher.
Blusa no chão. Ela não importava com os gritos externos. Era seu mundo, sua vontade, seu próprio prazer. Todo o resto era só espectador daquele momento. Suas formas perfeitas, a lingerie preta e as meias intocáveis. Um show com estrela.
Mais uma dose.

Um comentário:

Vanessa Oliveira disse...

"Blusa no chão. Ela não importava com os gritos externos. Era seu mundo, sua vontade, seu próprio prazer." Isso foi tudo.