sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Nem tente entender

A música começou e eu quis escrever. Quis contar pra todo mundo o que estava acontecendo e como os últimos dias foram avassaladores. Sentei e comecei, rascunhei uns quatro textos, umas dez frases soltas e despejei palavras. O medo de contar se misturou com a desorganização dos acontecimentos. Foi tudo tão de repente que eu não tinha mais noção do tempo. Terça virou sexta, ontem já não existia mais e alguns dias se repetiam continuamente, como um looping desgraçado.
A música recomeçou e eu respirei. Precisava ser menos dura comigo se quisesse me colocar em palavras. Pensei em escrever anonimamente, pensei em desistir, pensei em não pensar. E eu, que sempre tinha a resposta certa, a decisão tomada, a escolha segura, não sabia o que fazer diante de um simples papel. Podia citar algum escritor, podia contar a história de um filme qualquer, podia simplesmente inventar personagens que explicariam a verdade misturada com a ficção. Podia contar qualquer coisa que não fosse comigo, qualquer coisa que não fizesse sentido e podia não contar. Mas pra ser sincero, pra transmitir sentimento, pra falar de mim, tem que ser real. Comecei a esquecer do medo, não me importei com o que os outros pensariam. Pra escrever de verdade a gente tem que se mostrar por inteiro. Despir de toda a opinião alheia e SER.

ps.: Um desabafo sobre como surgiu o próximo texto (Do meu jeito, ENTRELINHAS: 3 em 1)

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